Bem Vindos!

O lugar onde você vai se emocionar, gargalhar, inspirar-se, viver!

Uma Chama de Esperança


Meus pés tocaram a calçada de Londres, as nuvens tampavam o sol que nos livraria desse frio congelante. Minhas mãos envolvidas por grossas luvas passaram por minha face tirando o cabelo que caíam em minhas vistas. Diversas meninas que pareciam histéricas há alguns minutos agora se calavam. Ele não passaria por aqui, seu destino seria a casa de sua tia, na zona sul da cidade.

− Nós poderíamos ir até lá... – sugeriu Anna

− Estamos cansadas, nunca vamos conseguir chegar perto dele. – murmurou Molly

− Eu estou com Anna, se vocês quiserem, podem ficar, mas eu vou. – falei em um fio de voz

− Ok. Vamos pegar um taxi.

Uma rajada de vento passou por nossos corpos e me fez encolher. Ao entrar no carro, percebi o aquecedor ligado e relaxei um pouco. Seriam bons 15 minutos até a casa de Arianne Pattinson, tia de Robert, e eu não desistiria de maneira alguma.

O tempo passou tão rápido que não fui capaz de aproveitar o aparente calor dentro do veículo, logo estávamos estacionados em frente a grande mansão de cor amarela e branca e de ótima decoração. Papais-noéis pendiam delicadamente das janelas, lâmpadas claras iluminavam a residência e um lindo presépio era coberto pela neve.

A noite ia caindo e a temperatura caía junto, as meninas reclamavam do medo de algo acontecer e acabaram indo embora, restando apenas eu e Anna. Meus lábios iam ficando brancos, meus dedos pareciam que iam cair e eu tremia de forma frenética. Droga! Porque não peguei mais um casaco? O café quente da garrafa já acabava e logo a fome se tornaria minha companheira também.

− Camille... – sussurrou

− O que foi? – respondi arredando a neve com a bota

− Eu não aguento mais.

− Ann, eu vou ficar.

− Ele já deve estar aí, você não vai vê-lo. – informou

− Não vou desistir. E não se preocupe, eu sei me cuidar.

Ela não disse mais nada sobre isso enquanto eu me sentei na calçada que tinha limpado com o pé e suspirei colocando a cabeça entre os joelhos. Não ia ser fácil e isso eu já sabia disso desde que saí de casa, porém a dificuldade que eu enfrentaria seria substituída pela felicidade se eu conseguisse um autógrafo de Robert Pattinson.

Tossi colocando a mão na boca e me preocupei com a possível gripe que seguiria esse episódio. Minha mãe já tinha me avisado sobre a provável tempestade nessa noite de Natal e me dado uma grande bronca por eu não passar a data em nossa casa.

− Camille, eu realmente não aguento mais. – murmurou

− Vá para casa, Anna, não se preocupe comigo.

− Eu não posso te deixar sozinha aqui.

− Eu sei me cuidar, não sou nenhuma menininha.

− Promete que não vai se magoar de eu partir?

− Não mesmo, amanhã pela manhã eu te ligo. – falei sem tirar os olhos da grande casa. Oh, meu deus, será que eu conseguirei? Quando percebi que minha amiga se distanciava acenando para um dos poucos taxis que passava na rua, eu caía na real.

Eu estava perdendo a festividade em minha casa, passando frio, fome para conseguir um simples olhar do maior galã de cinema da atualidade. Eu sabia que o que ele mais queria era apenas um pouco de descanso dos holofotes e distância do ataque de fãs malucas. Eu era maluca, eu o atacaria? Com certeza, não. O máximo que eu faria era acenar timidamente e pedir para ele assinar meu novo DVD.

Tomei o último gole em meu café e constatei que o calor que vinha daquela bebida não era suficiente para aquecer o meu corpo. Estávamos no aeroporto, aguardando, depois nos deram a informação de que ele iria para o parque ver o sol se pôr, e lá fomos nós. O parque fechou e lá ficamos nós, na calçada, esperando nosso ídolo sair, o que não aconteceu e aqui estou eu, sozinha, em frente à casa da tia dele, que não tem nada a ver com isso.

Observei o carro todo preto surgir no início da rua, em velocidade lenta por causa da neve na pista e a garagem da mansão Pattinson se abrir a fim do veículo entrar. Levantei num átimo, correndo com dificuldade para a entrada da casa.

− Hey, Hey. – tentei chamar

Mas o máximo que eu consegui ver foi o portão se fechar para mim. Limpei duas lágrimas que caíram por minha face e voltei para o lugar que eu me encontrava sentada antes. Eu não iria embora, uma hora ou outra, Robert teria que sair daquele local.

O vento cortava e os flocos de neve começaram a cair com mais frequência, me fazendo sentir arrepios e atritar as mãos em busca de calor. Eu podia ouvir um burburinho que começava a se formar dentro da residência. Uma tosse se seguiu de mais duas e eu coloquei a mão na garganta que começava a doer.

Uma silhueta feminina apareceu na janela do segundo andar e virou-se por um segundo falando algo com a pessoa que estava dentro do ambiente, depois voltou sua atenção para aqui do lado de fora e fechou a cortina com delicadeza. Abracei meu corpo em forma em bola, para me proteger do frio tenebroso que aos poucos estava se instalando na cidade.

Foram dolorosos trinta minutos de tosse, dores e fome, até a mesma mulher aparecer na janela. Fechei os olhos com força, eu aguentaria firme até atingir meu objetivo inicial. Aos poucos fui arredando meu corpo até encontrar o muro atrás de mim e tombei a cabeça para o lado, repousando-a na parede.

Encolhi minhas pernas, passando a mão pela minha coxa, esquentando-a com as forças que ainda restavam em meu corpo. A noite já tinha chegado e as luzes das casas davam um tom de acolhida ao bom velhinho e anunciavam mais um ano de comemoração ao nascimento do Salvador.

A porta se abriu num átimo e eu percebi a mulher caminhando pelo passeio até chegar à beirada da rua. Sua roupa era elegante, um longo sobretudo preto, botas de salto, o cabelo loiro escorrido e uma boina escura na cabeça.

− Hey, você. – chamou

Arregalei os olhos espantada, ergui a cabeça de forma vaga e encarei a mulher bem vestida que começou a andar mais em minha direção, parando ao meu lado, abaixando-se até ficar no mesmo nível que eu.

− Ei, vamos lá para dentro, está frio aqui, não?

− E-eu? – falei gaguejado, meus dentes batiam devido o meu corpo estar tremendo

− Claro, eu não sujei minha bota nova de neve sem nenhum motivo. – disse estendo a mão

Apertei a sua mão e ela me ajudou a levantar, sustando-me com os grandes braços. Tossi mais uma vez enquanto ela passou os dedos longos e finos por minha testa, uma ruga surgiu em sua expressão e ela me puxou, atravessando a rua.

− Meu nome é Michelle Pattinson, mas pode me chamar de... – parou pensando – Michelle mesmo – gargalhamos juntas

− Eu me chamo Camille Bohr, mas pode me chamar de Mille se quiser.

− Ok, Mille, o que a senhorita está fazendo até tarde e no frio aqui? – perguntou erguendo uma sobrancelha

Abaixei a cabeça. Eu estava conseguindo ir até a casa da tia de Robert, onde provavelmente ele já estava e como eu vou chegar de intrusa e falar “Oh, Rob, eu sou sua fã e vim aqui pedir um autógrafo e, decida a não sair da porta dessa casa, consegui entrar aqui, o prazer em te conhecer é todo meu.”? Não teria coragem o suficiente.

Estaquei no meio do caminho, fazendo Michelle parar junto comigo. Eu conseguiria ficar no mesmo ambiente que ele, mas a timidez não me deixaria interagir. Dei um passo para trás, considerando ir embora e engoli em seco. E se ele me achasse feia, gorda, simples demais? E se ele visse em mim uma menina histérica, sem atrativos e idiota?

− Não fique nervosa, nós não mordemos. – riu e eu entendi a piadinha. Morder. Vampiros. Robert. – Além do mais, Rob é a pessoa mais tímida que eu conheço e humilde também, só não o chame de Edward Cullen, please.

Fiquei quieta, sem me mover. Senhor, tu sabes como eu me esforcei para chegar até aqui, dai-me coragem e segurança para agir do modo que eu ajo no meu dia-a-dia. Eu confio em ti. Amém.

Depois de minha breve oração, me coloquei ao lado de Michelle e ela tomou minha mão, me guiando para dentro do domicílio. Logo na entrada um grande Papai Noel dançava, acendendo luzinhas e tocando uma música natalina baixinho, quase imperceptível aos ouvidos.

− Agora é a vez de Robert. – ouvi uma voz exclamar

E eu ouvi a canção clássica começar a ser tocada. Meus olhos passaram pelas velas que iluminavam o ambiente, a árvore de natal imensa, os presentes e a mesa farta demonstravam que a ceia ali acontecia.

Kiss the rain

E no canto da sala havia um piano de cauda onde ele tocava. Seus dedos moviam com uma agilidade e confiança inigualáveis, seus olhos estavam presos em suas mãos e um sorriso torto urgiu no canto de sua boca.

Era o meu sorriso, o sorriso que eu sempre admirei e agora eu podia presenciar. Michelle tocou a barra de meu casaco e acenou com a cabeça para a escada. Dei mais uma olhada rápida para ele e subi as escadas sendo guiada pela mulher.

Ela abriu uma porta branca e entrou, eu fiz o mesmo. O quarto era claro, organizado e proporcionava uma vista da cidade toda em festa, abriu uma porta do guarda roupa creme e pegou uma saia, uma meia fio 80, uma blusa de manda comprida cor de vinho, um chinelo Havaianas, uma bota de cano curto e uma toalha.

− Tome um banho e se aqueça. – falou me entregando o chinelo e a toalha – depois vista essa roupa, vai ficar linda em você. Daqui meia hora eu venho aqui te buscar.

− Tudo bem.

− Vou buscar um remédio e deixar aqui em cima, você está em estado febril.

E sem nenhuma palavra mais saiu me deixando só. Sentei na grande cama e circundei minhas pernas com os braços, pensar era bom. Eu estava a poucos metros de RPattz, a família dele estava reunida, eu o vi tocar piano e virei amiga da talvez prima dele. Eu era uma intrusa no Natal dos Pattinson, mas eu tinha conseguido o que ninguém mais tinha, satisfação própria. Se eu voltasse para casa nesse instante, voltaria feliz.

Uma lágrima escorreu por minha face, mas não era tristeza, era reconhecimento. Eu consegui vê-lo. Dirigi-me ao banheiro também claro e aberto, abri o box e entrei debaixo da água quente. Senti meus dedos do pé voltarem a mexer, meus lábios tomarem cor e minha pele agradecer.

Não sei quanto tempo fiquei ali, provavelmente 15 minutos, pensando, refletindo, agradecendo. Calcei o chinelo e me enrolei na toalha que, por sinal, era macia como algodão. O espelho mostrava a menina de 20 anos que tinha um sonho e estava prestes a realizar. Meu cabelo pendia em ondas até abaixo dos ombros, meus olhos azuis, que segundo minha mãe, eram a porta da alma, demonstravam o êxtase de estar ali e o sorriso dava o toque final em minha expressão.

Vesti a meia com cuidado para não desfiar, a blusa ficava justa ao meu corpo e coloquei a saia preta para me olhar no espelho. Eu estava linda. Calcei as
botas vendo que estavam um número maior, mas não atrapalhavam em nada o meu look.

TOC! TOC! TOC!

− Pode entrar. – sussurrei ainda me olhando no espelho

− Michelle pediu para eu vir aqui ver se você não tinha decido pelo ralo. – murmurou uma voz rouca e sexy da porta

Virei para olhar o dono daquela melodia chamada de voz e me deparei com as esmeraldas mais brilhantes me encarando de forma curiosa. Meu coração acelerou de forma frenética e minhas mãos começaram a suar frio, me alertando que aquele ali era o meu objeto de veneração pessoal.

− Oi! – cumprimentou se aproximando

O que eu faria agora? Meus olhos estavam presos nele e eu engoli em seco assistindo-o passar a mãos pelos cabelos agora mais curtos e abaixar os olhos envergonhado.

− O-olá? – soou como uma pergunta

− Trouxe o remédio para você. – e foi ali que eu desgrudei o olhar de sua face. O copo de vidro estava sendo segurado com firmeza pelos seus dedos e na outra mão ele trazia um comprimido. Ela estava com uma calça jeans escura, sapatos sociais e um casaco por cima da camisa acinzentada.

− Obrigada. – sussurrei

Seu toque em minha mão para me entregar o medicamento foi mais que o suficiente para uma corrente elétrica passar por meu corpo e eu suspirar baixinho. Eu sempre tinha que me constranger mais...

− Você está linda. – falou abaixando o tom da voz. E eu? E eu não tive outra reação a não ser morder o lábio inferior e tentar um sorriso

− Obrigada, você também está. – murmurei desviando o olhar para a porta fechada. Por deus! Aqueles lábios vermelhos me faziam ter pensamentos pecaminosos.

− OMG! EU ESTOU LINDA. – disse afinando a voz e logo depois explodiu em uma gargalhada gostosa que foi seguida pela minha.

− Você está lindo, na verdade. – concertei minha fala

E ficamos naquele silêncio constrangedor, ele me olhando, esperando uma reação exagerada e histérica de minha parte e eu o encarando, admirando a beleza de seus traços finos e másculos. Eu perderia a sanidade se continuasse mais um minuto na presença dele. Como era perfeito...

− Vamos descer? Estão todos nos esperando para a ceia de Natal. Mamãe trouxe um peru tão temperado que estou louco para comer.− informou me tirando de meus devaneios

− Ah, claro, vamos!

Passei a mão por minha franja, ajeitando-a no lugar certo, porque se algo me deixasse feia hoje, eu me mataria amanhã. Ele indicou a porta e caminhou a minha frente, depois que fechou a mesma, olhou-me de cima em baixo novamente e corou levemente quando percebeu que eu o observava.

− Hmm...

− O que foi? – perguntei ficando vermelha

− É que eu tô lembrando de uma coisa que esqueci em LA, deixa pra lá. – falou

A família dele estava toda reunida em volta de uma loira, que eu reconheci ser Lizzie, cantando. Robert indicou para eu seguir na frente e colocou a mão em minha cintura, me fazendo estremecer, fato que não passou despercebido por ele que deu apenas uma risadinha.

Quando chegamos ao pé da escada, parece que ninguém nos notou a não Michelle, que veio até nós com um sorriso imenso no rosto. Ela alternou olhares entre meu rosto, meu corpo e a mão de Robert depositada em minha cintura e deu uma piscadela.

− Olha como você está linda! Nem parece a menina que encontrei lá fora.

− Obrigada, Mich.

− Mich? Aaah! Eu amei Mich.

Sorri com sua maneira espontânea e alegre de ser. Ela pendurou no braço livre de meu ídolo e voltou novamente sua atenção para mim.

− Ela é linda, não é, Rob? Olha o cabelo, tão diferente do meu... – sussurrou como se não quisesse que eu escutasse.

− Minha avó materna é brasileira, por isso tenho o cabelo desse tom. – justifiquei o castanho-médio que coloria meus fios

Rob riu de leve para mim e nos guiou para a mesa onde estava o tão esperado Peru de Natal. Uma senhora com a idade de minha mãe, mais ou menos, se aproximou da gente e olhou para mim com carinho.

− Olá, querida, eu sou Clare, prazer.

− Olá, Dona Clare, eu sou Camille.

− Nada de dona, nem sou tão velha assim.

Logo a família de Robert toda já me conhecia, algumas primas dele me olharam com desdém, mas nada que diminuísse o estado de espírito em que eu me encontrava. A avó, Rose, era um amor de pessoa e tinha mais ânimo que muitas outras jovens pela casa. Surpreendi-me com a humildade deles e em momento algum me trataram com diferença.

Não consegui falar nada do que tinha planejado em minha mente caso eu o encontrasse, eu não pedi um autógrafo, eu não agi como uma menina, eu fui sensata, respeitei o momento em que ele era apenas Robert, o garoto que tinha sua família e festejava o Natal.

Percebi em alguns momentos seus olhos sobre mim e sua mão jamais me deixou sem proteção durante os momentos que se passavam. Em alguns momentos ele sussurrou coisas em meu ouvido que me faziam arrepiar, e ele sorria tão abertamente que eu sentia que eu poderia ser a razão de felicidade de alguém.

− Ora, vamos comer, eu estou com fome. – anunciou Arianne depois de um tempo que ficamos ouvindo Victoria tocar piano.

Todos se reuniram onde eu, Rob, Mich e Clare estávamos e começaram a cantar canções natalinas enquanto eu ainda admirava a beleza e delicadeza da decoração tão bem organizada e planejada que merecia um prêmio.

− Vamos fazer uma oração. – anunciou Richard

Aquela família parecia irreal, a linda oração foi coordenada pela anfitriã e nos deixou com lágrimas nos olhos, relembrava a simplicidade que o menino Jesus nasceu e que assim deveria permanecer a sociedade.

− O nosso rei foi trazido à Terra do modo mais humilde, em um estábulo, ele podia possuir castelos, ouro, fama, mas escolheu a modéstia de ser convidado para habitar nossos corações. – finalizou

A ceia decorreu de maneira calma e destinada a reflexão e pude concordar com Robert, o peru que Clare preparou estava uma delícia. A luz das velas na mesa dava um toque antigo e conservador à tradição e eu senti a tão almejada paz interior. Eu estava apenas comemorando com novos amigos. Não com Robert Pattinson, apenas com Robert, o homem mais lindo e legal para mim.

− Tenho que ir embora. – sussurrei para ele após a entrega dos presentes – Minha mãe deve estar preocupada

− Ela não sabe que você está aqui?

− Não... quero dizer, ela sabe que eu... hmm... vim aqui para te ver, ela só não sabe que eu consegui e nem que eu estou em proteção.

− Ligue para ela, não vá...− pediu baixinho

− Eu realmente preciso, não que eu queira, mas minha mãe deve estar surtando. – justifiquei abaixando a cabeça, o que eu mais queria era ficar.

− Espere aqui então, vou buscar a chave do carro.

− Não, não precisa me levar.

− Shhh. – murmurou colocando o indicador em meus lábios

Ele me deu as costas por um breve segundo e minha atenção ficou presa em Lizzie beijando o namorado. Que vontade de fazer o mesmo! Mas eu não podia, não mesmo, quem eu beijaria aqui? Além de invasora, eu seria a oferecida também? É melhor não.

− Michelle – sussurrei, chamando com os dedos

− Olá – cantarolou se ajeitando

− Estou indo e foi um prazer te conhecer. – falei

− OMG! Você já vai? Me passa seu telefone, eu... eu adorei te conhecer, Camille.

Depois de várias despedidas, de um abraço confortável de Clare, de uma bronca de Rose, um “Volte logo” de Arianne e um aceno tímido de Richard, Robert me encaminhou até a porta. Uma bronca da matriarca da família Pattinson? Sim, Rose me xingou por não ter aparecido antes.

− Vamos? – aquela voz baixa e grossa ainda me enlouqueceria

Assenti andando na frente dele o mesmo abriu a porta do carro para mim. Ah, meu santinho, nunca imaginei ele ser assim. Dei um sorrisinho sem graça entrando na BMW e esperei nervosamente ele se sentar e dar a partida. Meu coração estava mil por hora pelo fato de estar a sós no mesmo ambiente que ele.

Seus olhos deixaram a avenida por um breve instante e ele olhou em meus olhos. Os lábios vermelhos e sedutores se curvaram um pouco, mas o suficiente para me fazer começar a suar e estralar os dedos.

− Está agitada. – não foi uma pergunta, foi uma afirmação.

− Um pouco. – decide ser sincera, essa seria a primeira e última vez que eu o veria, então não faria muita diferença.

− E eu posso saber o motivo?

− De maneira alguma. – respondi apressada

O resto do percurso foi em silêncio, pelo menos da minha parte. Robert cantarolava uma música que estava tocando no rádio e, pode acreditar, ele era perfeito em todos sentidos. Seu cheiro era concentrado, único e másculo, suas mãos eram grandes e deixariam grandes estragos em qualquer corpo, um rastro de fogo. A alma dele parecia brilhar, dando a ele um esplendor de divindade. Não me julguem tarada, por favor, mas ele tinha aquele tipo de ser bom de cama, e para mim não restavam dúvidas quanto a isso.

Indiquei o caminho com a mão e logo ele estacionava em frente a minha casa. Fiquei meio sem reação, tinha passado tão rápido... Me curvei para depositar um beijo em sua bochecha. Não tinha certeza se aguentaria, mas era melhor do que me despedir sem isso.

Meus lábios tocaram a bochecha quente dele por nada mais que três segundos, mas foram os melhores três segundos que eu já vivi. Sentia minha boca formigar e meu corpo não agia por meu comando.

− Boa Noite, Robert. Muito Obrigada. – falei com o pouco de sanidade que me restava

− Hmm... a febre passou, nada mais de tosses... Cuide-se, não quero que
fique doente por minha causa.

− São apenas as consequências. – e um buraco em meu coração também, completei mentalmente. – Boa Noite. – falei novamente, colocando a mão na maçaneta do carro

Abri a porta e um vento frio passou por mim antes de eu sair. Tinha sido apenas um sonho bom... apenas uma noite. E quem disse que meu coração desacelerou? Parecia estar prestes a saltar pela minha boca e, acredite, devia estar do tamanho de um grão de feijão.

− Hey, Camille, espere. – Robert me chamou, fechando a minha porta

Nossos corpos se tocaram pelo mais breve segundo e a mesma corrente elétrica que havia se passado por mim toda noite voltou a atuar. Minha garganta parecia ter se fechado, minhas mãos tremiam, minha cabeça girava.

− Aconteceu alguma coisa? – perguntei delicadamente

− Eu preciso te dar uma coisa. – falou olhando para minha boca

− E o que seria?

− Isso. – respondeu colando seus lábios nos meus.

Eu não sabia como reagir, eu não sabia o que era aquilo, mas eu não precisava entender, era instinto. Sua mão voou para minha cintura, me puxando para perto e sua língua pediu passagem, que foi prontamente concedida. Meus dedos acariciaram sua nuca, enrolando seus cabelos entre eles. Nossas línguas não travavam batalhas, dançavam ou algo do tipo... elas procuravam conhecer um pouco mais do outro, conquistar, aflorar algum sentimento bom. Surpreender.

Isso não é real. – retrucou uma parte de minha mente

É real o suficiente para me fazer feliz. – correspondi no mesmo tom interior

Quando o ar nos faltou, sua boca desgrudou da minha, deixando-me com um selinho singelo e doce que arrebatou meu coração mais ainda. Ele passou as costas das mãos por minha bochecha, enquanto eu permanecia de olhos fechados, tentando entender tudo isso que estava acontecendo.

Ele roçou o nariz pela base de meu pescoço, subiu pelo queixo, depositando um beijo ali e passou a acariciar meu lóbulo com seus lábios. Soltei um gemido baixo e ele se afastou, rindo com o canto da boca.

− Amanhã você irá sair para jantar comigo, te pego às 20:00. – informou

E eu comecei a protestar...

− Não aceito “não” como resposta. Esteja pronta ou eu te arrasto de pijamas e moletom para o restaurante.

Soltei uma risadinha baixa e abri a porta do carro para sair, me apoiei na porta do carro para não cair e ele me olhou novamente.

− Não mereço uma despedida?

− Como? – perguntei sem entender

− Um beijinho.

Dei um beijo no canto da sua boca e sorri quando o vi se arrepiar.

− Até amanhã. – sussurrei

Saí correndo para casa, tinha sido apenas uma noite de Natal, mas eu me senti completa pela primeira vez. Não esperava acontecer o que presenciei minutos atrás, mas eu confiei até o último minuto, eu não deixei a minha chama de esperança apagar.

Ele buzinou pela última vez e eu entrei.


Então não se preocupe, sua pequena mente bonita,
As pessoas jogam pedras em coisas que brilham
E a vida faz o amor parecer difícil
As apostas são altas, a água é áspera,
Mas esse amor é nosso.
(Ours – Taylor Swift)