Bem Vindos!

O lugar onde você vai se emocionar, gargalhar, inspirar-se, viver!

A Força do Destino

Obs.: Fanfic por Dany Faria

Capítulo Único

Maio de 2036

Sinto uma leve brisa acariciar meus braços descobertos, fricciono minhas mãos agora com a pele a fina enrugada e marcada por leves pontinhos marrons enquanto o vento sopra meus cabelos grisalhos, sinais de que o tempo passou sem ao menos ser notado.

É primavera em New York, quando os casacos voltam para os armários e o clima já está bem agradável. As flores dominam a paisagem onde quer que se olhe.
Passa das oito da manhã e o Central Park em Manhattan começa a receber os visitantes, alguns caminham ou pedalam e outros exploram o lago em pequenos barcos, aproveitando o sol.

Estou sentado num dos bancos de madeira de frente para o lago, olhando fixamente para o vazio, apenas mergulhado em recordações de muitos anos atrás.

Quem me vê hoje não imagina que já fui um dos homens mais cobiçados do planeta, recebi vários títulos semelhantes: homem mais sexy do mundo, revelação do ano no mundo dos artistas, personalidade do ano, mais influente do planeta entre tantos outros que para minha decepção hoje não servem pra nada.

São apenas lembranças. Minha sala de troféus hoje é somente mais um cômodo da minha mansão em Los Angeles, completamente abandonado.
Continuo trabalhando em filmes, mas minhas aparições na telona são quase uma raridade, atuo principalmente atrás das câmeras como diretor de filmagens e produtor executivo.

Consegui com muito esforço permanecer nesse mundo concorrido de artistas. Minha carreira profissional está tão estabilizada quanto antes, a diferença agora é que não tenho que aturar aquela gritaria de fãs, algo com que acabei me habituando e os flashes das câmeras dos paparazzi, algo com que nunca consegui me acostumar.

Aquela loucura ensandecida ficou para trás. Hoje, aos cinqüenta anos de idade, quando me lembro de tudo sinto certa nostalgia, eu não estava preparado para passar por aquilo e no inicio me peguei completamente depressivo, o que me obrigou a entrar em uma fase complicada da minha vida.

Experimentei de tudo para tentar anestesiar aquela pressão no peito que me deixava fora de controle e consegui graças a minha família e amigos amenizar minha languidez.

Mas não posso culpar minha fama por minha tristeza de hoje, essa melancolia sempre surge quando venho a New York. Passei por alguns dos momentos mais marcantes da minha vida nessa cidade, aqui conheci uma pessoa tão especial e inesquecível que nunca mais saiu dos meus pensamentos.

-Sr. Pattinson, está na hora.

Joseph detém minhas lembranças me chamando para uma coletiva marcada para as 10h. Não sei dizer por que, mas sempre que venho a esta cidade, não consigo deixar de vir ao Central Park, foi aqui que a conheci, exatamente nessa área do parque.
Olho de um lado para outro procurando alguém com alguma semelhança, mas tudo que vejo são rostos desconhecidos, feições vazias e olhos sem a profundidade que eu tanto busco com minhas visitas a esse lugar.

Mais um ano se passou e ela nunca se vai, parece marcada em minha alma, como ferro quente na carne. A ferida da perda cicatrizou, mas não desapareceu e nem diminuiu com o tempo, a marca da culpa e do arrependimento continua intacta.

Levantei-me dando uma última olhada, varrendo a área para verificar se por algum
milagre notaria uma mulher de seus quarenta e três anos, de cabelos e olhos negros profundos, mas nada, como sempre.

-Voltarei à noite – falei baixinho como se conversasse com alguém invisível.

Início Flashback

Maio de 2011

Minha vida nos últimos anos tinha virado do avesso. Há quatro anos eu estava falido, sem dinheiro, desempregado e sozinho. Agora estou eu aqui em New York, mais especificamente no Central Park, fugindo de uma insônia e buscando um pouco de ar puro e tranqüilidade.

Atualmente tenho trabalhado muito, fiquei rico e famoso. Convites não me faltam para trabalho e para outras coisas também, como festas, badalação e sexo, mas a fase de curtição se foi quando a novidade tornou-se rotina, uma rotina maçante e cansativa.

Passa das duas da manhã resolvi procurar um lugar sossegado para comer meu hambúrguer com batatas fritas nesse que é um dos cartões postais de uma das cidades mais movimentadas da América.

Essas caminhadas noturnas eram a minha salvação para sair do tumulto que era minha vida, entre filmagens, entrevistas, sessões de fotos e a confusão de fãs e paparazzi nas aparições públicas.

Em New York meus passeios se davam aqui, em Los Angeles eu simplesmente vagava noite a fora pela cidade dentro de um carro alugado. Isso me fazia bem, eram os momentos em que eu tinha o controle da minha vida nas mãos.

Encontrei um banco sob uma grande árvore de frente para o lago principal do parque e resolvi me sentar ali. Parei por um instante para apreciar a paisagem repleta de cores com as flores da primavera. “Divino”, pensei, recostando no banco e jogando os braços sobre o encosto.

Minutos depois a necessidade de nicotina do organismo já habituado começa a me atormentar, eu tinha muita vontade de parar com o vício, mas era muito difícil, só uma tragada, era o que eu sempre dizia a mim mesmo, mas acabavam sendo várias.

Atendi ao pedido do meu corpo fumando apenas um cigarro e então resolvi pegar a sacola de papel ao meu lado. Quando levava uma das batatas à boca ouvi um sussurro baixo, quase inaudível.

Paralisei por alguns segundo com a batata no ar para tentar identificar aquele som, mas não ouvi mais nada. Eu devia estar ficando maluco, ouvia gritos o dia todo e possivelmente aquela voz era meu inconsciente me avisando que estava me arriscando em um parque vazio e quase escuro.

Voltei a me concentrar na comida novamente, eu estava com fome, minha última refeição foi há mais de seis horas no hotel onde estou hospedado há cerca de trinta dias.

Meu apartamento em Los Angeles quase não é usado, pois passo boa parte do tempo entre viagens, mas eu gostava disso, gostava de trabalhar, a única inconveniência é a falta de privacidade. Sentia-me dentro de uma casa de vidro, para onde quer que eu fosse ali estava alguém disposto a tirar uma foto e ganhar dinheiro com minha imagem. Tinha que redobrar os cuidados para não sair coisas erradas na mídia, o que infelizmente na maioria das vezes acontecia.

Segundos se passaram e o sussurro voltou um pouco mais alto, acompanhado de um fungado, parecia ser alguém chorando. Olhei a minha volta, mas novamente não encontrei nada nem ninguém.

Desisti de comer e tentei seguir o som baixo, levantei-me, dei a volta por detrás do banco e caminhei devagar na grama verde. O sussurro aumentava à medida que eu ia em direção ao tronco da grande árvore.

Ao me aproximar, uma silhueta pôde ser notada, sua pele morena clara era iluminada apenas pela luz da lua que a tocava suavemente entre as folhas, dando um efeito de sombras perfeito, era uma garota de mais ou menos dezoito anos, de cabelos negros longos e lisos. Estava encolhida sobre uma das raízes, abraçada às pernas com a cabeça curvada sobre o joelho.

-Ei, você está bem, alguém te machucou? – perguntei preocupado.

Ela levantou a cabeça e me fitou de cima a baixo arregalando os olhos e então ergueu as mãos como se estivesse se rendendo.

-Por favor, não se aproxime. – suplicou ela se encolhendo ainda mais.

-Não se preocupe, não vou te machucar – falei baixinho para não assustá-la.

Ela me encarou intensamente e seus olhos passaram para a sacola em minhas mãos, na certa estava com fome. Suas roupas um pouco rasgadas e sujas, os olhos vermelhos e alarmados denunciavam que ela havia passado um bom tempo chorando.

-Tome, fique com isto. – falei entregando-lhe a sacola. Ela avaliou minha mão e voltou a apoiar a testa nos joelhos. – Você está com fome não está? – perguntei ainda com a sacola no ar fazendo um pequeno movimento pra chamar-lhe a atenção.

Ela apenas concordou assentindo sem voltar seus olhos para cima.

-Então coma, não precisa ter medo.

Suas mãos foram erguidas temerosas, trêmulas e aproximei ainda mais a embalagem para que ela alcançasse sem esforço.

-Você está perdida? – perguntei observando-a abrir a sacola e rapidamente enfiar uma boa quantidade do hambúrguer pela garganta. Devia estar faminta.

Alguns segundos e finalmente ela sacudiu a cabeça respondendo que não estava perdida.

-O que faz aqui há esta hora, é perigoso. Qual o seu nome?

Ela permaneceu sem falar.

Posso me sentar aqui? – perguntei apontando para a grama a sua frente. Eu me sentia num monólogo, não consegui tirar nenhuma resposta de sua boca até que todo o lanche havia sido devorado por ela.

-Obrigada. – disse ela sem graça finalmente. –Desculpa minha falta de educação, mas é que já estou há algum tempo sem me alimentar. Comi tudo, devia ter dividido.

-Não, claro que não, estou sem fome. – menti.

Um sorriso brincou no canto de sua boca como se dissesse que não acreditava em minhas palavras.

-Você está bem? – perguntei.

-Sim, obrigada, meu nome é Melanie, muito prazer. – ela estendeu a mão para me cumprimentar.

-O prazer é meu, eu sou o Robert, posso chamá-la de... Mel?

-Só minha avó me chama assim, mas tudo bem. – ela esboça um sorriso tímido.

-Você não respondeu à outra pergunta, o que faz aqui há esta hora?

Ela pensou por um tempo e fixou os olhos no chão.

-Fugi de casa.

-Nossa! por quê?

-Não quero falar sobre isso agora. – falou desviando o olhar para um ponto acima de minha cabeça.

-Quer ajuda? Posso pagar um táxi pra você voltar pra casa.

-Não vou voltar.

Sua fala foi tão carregada de sinceridade que me convenceu de que ela realmente nunca pisaria novamente em sua casa.

-Mas seus pais devem estar preocupados. – conjecturei.

-Duvido muito. – dizia cutucando o canto das unhas.

-Deixa eu te ajudar, eu estou em um hotel aqui perto, há menos de um quilômetro,
posso lhe pagar um quarto, assim você pode tomar um banho e dormir em uma cama.

-Não, obrigada Robert, devo estar com uma péssima aparência, mas eu não preciso de nada, não se preocupe, já fez muito por mim. – afirmou.

Então em um rápido movimento ela se apoiou no tronco da árvore e ergueu o corpo ficando de pé e eu fiz o mesmo.

-Tem certeza? – perguntei torcendo para que ela mudasse de idéia, eu não estava preparado para deixá-la ir. De alguma forma meu peito se apertava só de pensar em vê-la andando sozinha naquele parque a ermo.

-Tenho sim, obrigada.

Depois de responder ela se aproximou um pouco mais, com apenas um passo, ela era tão alta quanto eu, então me deu um beijo na bochecha e saiu correndo, me deixando de olhos fechados, absorvendo a sensação de sua pele quente na minha, meu rosto ficou molhado com suas lágrimas.

Quando girei o corpo para procurá-la ela havia ido, já não estava em meu campo de visão. Fiquei paralisado ali sozinho e se não fosse pela embalagem vazia na grama eu poderia jurar que tudo não tinha passado de uma alucinação, por que agora o silêncio dominava o ar fresco da noite.

Passei as mãos pelo cabelo tentando retirar a imagem daquele rosto triste dos meus pensamentos, sem êxito é claro, peguei a embalagem vazia, joguei no lixo mais próximo e voltei para o hotel.

Durante toda a semana eu reproduzi a cena em minha mente e fiz o mesmo trajeto todos os dias, no mesmo horário na tentativa de encontrá-la novamente.

No sábado decidi caminhar por outro caminho, era mais cedo, dez da noite talvez, coloquei um moletom cinza com capuz para evitar o reconhecimento e por via das dúvidas levei Dean, um dos meus seguranças, comigo.

Caminhamos por alguns minutos e paramos ao avistar um grupo de pessoas que circundava uma calçada. De onde estávamos pudemos ouvir uma melodia suave de violino. A música me era familiar então olhei para Dean sugestivamente e ele me acompanhou até o local sem chamar atenção.

Paramos atrás das pessoas e de lá pude ver o rosto da garota que eu procurava há uma semana. Ela continuava tocando de olhos fechados sem se distrair com o público a sua volta, concentrada no ritmo lento da música. A melodia perfeitamente tocada alcançava todas as notas altas e baixas numa harmonia invejável. Como alguém que toca tão bem pode viver daquele jeito pelas ruas? – perguntei-me silenciosamente.

Meu coração pausou uma batida e então socou minha caixa torácica com força, como se estivesse a ponto de entrar em combustão ao vê-la.

My Love - Sia


[Meu amor]

Meu amor, deixe-se para trás
A batida dentro de mim
O deixa cego

Meu amor, você é a favor da paz
Você estava tão tentado
À liberação

Você deu tudo
Para o chamado
Você se arriscou e
Caiu por todos nós

Você veio atenciosamente
E, em seguida fielmente
Você me ensinou a honra
Você fez isso por mim

Esta noite você vai dormir para sempre
Você vai esperar
Por mim, meu amor

Agora eu sou forte
Você me deu tudo
você deu tudo o que tinha
E agora eu estou em casa

Meu amor, deixe-se para trás
A batida dentro de mim
O deixou cego

Meu amor, veja o que você pode fazer
Estou consertando
Eu estarei com você

Você pegou minha mão
Adicionou um plano
Você me deu seu coração
Pedi-lhe para dançar comigo

Você amou honestamente
Fez o que você poderia liberar

Eu sei que você está feliz em ir
Eu não vou aliviar esse amor

Agora eu sou forte
Você me deu tudo
Você deu tudo o que tinha
E agora eu estou em casa

Meu amor, deixe-se para trás
A batida dentro de mim
Eu estarei com você

Ficamos parados escutando toda a música, parecia ser a última da noite, pois logo que finalizou as pessoas se dispersaram, alguns deixavam moedas ou notas sobre a capa do violino no chão e eu sem fala permaneci no mesmo lugar com Dean em meu encalço, observando tudo a nossa volta.

Notei-a se abaixando para pegar o dinheiro deixado e lentamente seus olhos percorreram a área agora vazia até que nossos olhos se encontraram.

A expressão desconfiada denunciava que ela não me reconhecia, provavelmente por causa da escuridão naquele dia, eu consegui ter uma visão privilegiada de seu rosto com a luz da lua, mas ela não me viu direito.

Melanie recolheu com agilidade o instrumento e o dinheiro, então me aproximei sem pressa, calculando os passos para não espantá-la.

Observei-a um pouco melhor, a claridade das lâmpadas próximas me deixaram ver os detalhes. Diferente do outro dia quando usava Jeans velhos surrados e uma blusa branca rasgada, agora ela vestia um Jeans escuro, aparentando ser novo e uma blusa azul marinho num tecido fino, tipo seda ou cetim fosco e um sapato de meio salto.

Ela correspondeu ao meu olhar ainda reclinada segurando o violino no ar.

-Oi Mel – cumprimentei. Ela estreitou os olhos e franziu a boca tentando captar na memória a familiaridade de minha voz ou talvez minhas feições. Tirei o capuz para dar-lhe mais acessibilidade ao meu rosto. –Sou eu, Robert.

-Ah! Oi Robert. – ela falou baixando os olhos para o violino colocando-o na capa e notei alívio em sua expressão ao me reconhecer.

-Parece melhor. – Não era uma pergunta, era visível a diferença.

-Sim, obrigada.

-Está ficando aqui ainda?

-Não, estou na casa de uma amiga no subúrbio de Manhattan, na verdade eu a procurei naquele dia mesmo e desde então estou lá.

-Você toca muito bem! – elogiei.

-Ah, obrigada – falou sem graça. – Desculpe sair daquele jeito, é que eu estava muito assustada e sem rumo, mas agora estou melhor.

-Aceitaria jantar comigo?

-Hã? Ah, Robert acho que...

-Não aceito não como resposta, passei a semana toda te procurando e agora que
encontrei preciso... – pausei por alguns segundos - preciso saber mais sobre você,
por favor, aceite meu convite.

-Tudo bem, mas eu pago.

-Claro que não.

-Claro que sim, eu usurpei seu último lanche, nada mais justo do que eu pagar. Bem... não acho que eu consiga pagar um jantar de verdade, serviria um lanche?

-Tudo bem, há! Deixa te apresentar, esse é o Dean, meu...

-Seu segurança? Oi Dean, tudo bem. – ela falava com tanta naturalidade que até me assustava. Dean a cumprimentou estendendo-lhe a mão e voltou para seu lugar.

-Como você sabe?

-Eu vejo TV Robert Pattinson. – ela disse sorrindo.

-Naquele dia...

-Não, não te reconheci naquele dia, só percebi que era você agora.

-Você não se importa em sair comigo e um segurança nos acompanhando?

-De forma alguma, por quê? Deveria? – perguntou fingindo espanto.

-Não, quero dizer, é que você parece tão tranqüila quanto a isso. Diferente de muitas adolescentes por aí...

-E estou tranqüila, a não ser que você pretenda me seqüestrar ou coisa do tipo. – zoou.

-Você sabe que não vou fazer isso. – falei sério.

-Então não vejo problema algum, você é só mais um ser humano como qualquer outro. Não acha?

-É óbvio, mas as pessoas têm essa mania de...

-Separar as pessoas pelo que elas fazem e não pelo que são, sei bem como é. – concluiu.

-Sim. – Por que ela sempre completava minhas falas, acho que eu estava meio lento pra ela.

-Não é o meu caso, então vamos. – falou descendo o degrau da calçada.

Andamos lado a lado pelo parque até um dos diversos carrinhos de hot-dog em padrão verde escuro espalhados por ali e claro que não a deixei pagar, mas foi uma luta convencê-la.

Aquela Melanie parecia outra completamente diferente da que eu havia conhecido, bem humorada, segura de si.

-Devia pensar em procurar um empresário, fazer shows, você tem talento. – falei depois de engolir o primeiro pedaço de hot-dog.

-Essa não é minha prioridade no momento, estou juntando dinheiro para voltar pro meu país.

Ah! Então ela não era daqui, por isso as características peculiares, a cor dos cabelos e olhos negros brilhantes e a pele morena pouco mais clara que uma índia, o corpo esbelto e longo, com curvas acentuadas.

-De onde você é? – perguntei estendendo a mão para o banco ao nosso lado para que ela se sentasse.

- Rio de Janeiro, Ilha Grande, pra ser mais exata.

-Hum... Brasil. Alguém espera por você lá? – perguntei.

-Sim, minha avó. Não quero ficar em New York, pelo menos não por agora. Preciso voltar e esquecer o que vivi aqui. Sinto falta do sol, da praia e do ar pesado e salgado do mar. – afirmou com mais uma mordida generosa no lanche.

-Gosto de lugares quentes também.

-Hum... – ela pausou colocando a mão sobre a boca para terminar de engolir. -Você mora em Los Angeles não é? – completou.

Sorri por sua avidez ao devorar o hot-dog.

-Sim e não, na verdade passo pouco tempo em casa, viajo muito.

-Faço idéia. - refletiu.

-Posso te perguntar uma coisa? – questionei fixando meus olhos nos dela.

-Claro, o que quiser.

-Por que fugiu de casa e do que você quer esquecer.

Ela desviou o olhar para as mãos que seguravam o lanche e espremeu os lábios em uma linha fina, pensou por alguns segundos e então alguma coisa a impulsionou a falar.

-Estou fugindo do meu padrasto. – disse fixando agora o olhar no infinito como se revivesse algum momento difícil, vi sofrimento em suas expressões. – Naquela noite ele e minha mãe chegaram de uma festa chapados, ele é péssima influência pra ela. – ela falava como uma anciã e não como uma garota de dezoito anos.

-Ele fez alguma coisa com você Mel? – perguntei preocupado, com certeza ela deve ter passado maus bocados.

Seus olhos se voltaram novamente para mim antes de responder.

-Não, eu consegui fugir antes de o fato ser consumado, mas passou bem perto.
Eu não sabia o que pensar, e muito menos o que dizer, era muito pra mim, pensar que alguém da própria família tentaria fazer algo tão asqueroso com uma menina como Melanie.

-Por isso estava naquele estado. Mas e sua mãe, ela não faz nada? – perguntei ainda atônito com a informação.

-Ela não consegue nem se ajudar, quem dirá a mim?

-Você devia denunciá-lo às autoridades Mel. – informei.

-Isso só piora as coisas Rob, ele se volta contra minha mãe, já tentei isso antes quando ele apenas maltratava a ela e se fizer de novo nem sei o que poderia
acontecer, eu prefiro ir embora... – ela pausou por um segundo e finalizou. -Meu tempo está se esgotando, ele já deve estar me procurando e logo deverá bater à porta da Lisa. Ele é perigoso e não quero prejudicá-la.

Suas palavras eram sobrecarregadas de mágoa e repugnância.

-Você não tem pai? – perguntei terminando meu hot-dog.

-Não. Bem, não sei se está vivo ou não, ele nos abandonou quando ainda não havia nascido. – ela parou por um minuto para também terminar o lanche e depois continuou.
– Meu pai era americano como Gerald, meu padrasto. Parece que minha mãe o conheceu no Brasil, numa viagem de negócios, eles chegaram a morar juntos aqui por um tempo, mas ao obrigá-la a abortar, ela voltou ao Brasil e quando nasci me deixou com minha avó.

“Há cinco anos ela me forçou a vir morar com ela aqui e tive que vir por ser de menor, o problema é que alguns meses atrás o Gerald começou a implicar comigo, mas até aquela noite era só implicância mesmo, ele ficava me falando coisas estranhas, como me achava linda e atraente e não podia me ver conversando com ninguém, aparentando ciúmes e possessão.”

“Eles saíram para uma festa naquele dia e voltaram sei lá, bêbados ou drogados, não sei dizer o que deu neles, mas minha mãe chegou grogue e foi direto para a cama, acho que se uma bomba explodisse ela não acordaria. Então ele veio até meu quarto e trancou a porta, me pediu pra tirar a roupa, mas eu não cedi.” – uma lágrima desceu por seu rosto e os olhos negros brilharam com mais intensidade.

“Atingi ele com os pés quando se aproximou e ao me ver levantar puxou minha blusa, rasgando-a, pulei pela janela e acabei arranhando as pernas com a queda e machuquei os pés por estar descalça.” – ela limpou a lágrima com a ponta do dedo indicador.

“O Park foi minha primeira opção, eu não tinha idéia do que fazer, então me escondi aqui.”

Seus olhos marejados pelas lágrimas me mostravam que ela era a mesma que tinha conhecido no outro dia, sofrida e triste, afaguei seu rosto para acalmá-la.

-Caramba! Deve ter sido difícil pra você, nem sei o que dizer. Só... Sinto muito.

-Tudo bem, agora o pesadelo acabou. – falou com um sorriso que não chegava aos olhos.

-Se quiser posso te ajudar Mel. – ofereci.

-Não Rob, não quero metê-lo em confusão, além do mais falta pouco pra eu conseguir o dinheiro. Estou trabalhando em uma fábrica durante o dia e à noite toco aqui no parque.

-Bem, eu não gostaria que você fosse embora, mas se isso vai te deixar mais feliz, eu poderia te dar o que resta, assim você se livra desse problema, o que acha?

-Ah! É muita bondade sua, mas não posso aceitar, obrigada mesmo assim. Desculpa se enchi sua cabeça com meus problemas.

-Não é nada, mas... eu queria te ver de novo Mel, amanhã vai estar aqui?

-Todos os dias até a minha partida.

-Vou deixá-la na casa da sua amiga. Faço questão e não adianta vir com não, que eu não aceito ok?

Ela deu de ombros. – Tudo bem então, não sei o que eu fiz pra merecer isso.

-Que foi? Não quer que eu te leve? Estou sendo muito insistente?

-Não! Claro que não, é que... você está sendo legal demais comigo, não sei se mereço isso. – declarou baixando a cabeça.

Ergui seu rosto pelo queixo para chamar-lhe a atenção, sua pele era tão lisa e cremosa como a pétala de uma cerejeira. Minha vontade era tocar seus lábios para confirmar se eram tão macios quanto eu imaginava.

Perdi-me naqueles olhos escuros e profundos esquecendo minha fala, seu olhar intenso parecia pedir por aquilo assim como os meus, que não desgrudavam de sua boca, então suavemente encostei meus lábios nos dela, deixando fluir todo o desejo guardado.

Enquanto ela procurava meu rosto para me puxar pra mais perto, levei minhas mãos a sua cintura fina moldando nossos corpos.

Alguns segundos depois ela me afastou gentilmente e parecia triste.

-O que houve? Fiz algo errado? – perguntei sem graça tocando seu rosto.

-Você não fez nada errado, eu é quem o fiz, isso não pode dar certo Robert. – ela baixou os olhos. - Sinto muito, este não é o momento certo pra nós dois, sinto muito mesmo.

-Mas... Mel, você quer assim como eu, não quer? Eu vejo isso nos seus olhos.

-Quero, mas não posso – afirmou se afastando ainda mais e completou. - Vou embora em uma semana Rob, não posso deixar laços pra trás, não posso fazer isso comigo, nem com você. Sei que pode parecer egoísta, mas... é assim que tem que ser.

Busquei seu rosto com as mãos, tocando-o suavemente. -Você não é egoísta, só está se cuidando, isso é bom. Vamos, vou te levar pra casa.

Peguei sua mão, caminhamos até o carro e Dean nos levou ao bairro Harlem, subúrbio de Manhattan, não muito longe dali, onde deixamos Mel em frente a um prédio antigo.

Ela se despediu dando-me um beijo no rosto e me agradeceu novamente, deixei o nome do hotel em que estava para o caso de ela precisar falar comigo.

Voltei para o hotel com um bolo na garganta e uma compressão no peito, senti tanta pena daquela garota, queria poder fazer alguma coisa por ela, mas ela não permitia, o orgulho falava mais alto.

Meus problemas pareciam tão insignificantes perto do que ela vinha enfrentando, mas mesmo assim, ela não deixava se abater, lutava com o que tinha para vencer os desafios que a vida lhe conferia.

Passei toda a noite absorto em pensamentos e apenas uma certeza me vinha à cabeça, eu a procuraria novamente, sabia que não era certo, agora eu era o egoísta, mas precisava vê-la e talvez fazê-la mudar de idéia sobre sua volta ao Brasil.

Foi exatamente o que fiz, todas as noites daquela semana eu a encontrava quando a apresentação terminava.

A primeira vez em que me viu se mostrou receosa, mas notei alegria e brilho em seus olhos quando me viu, o que me deixou mais aliviado.

Ela acabou concordando em me acompanhar em caminhadas pelo parque e dividimos muitos momentos juntos como, por exemplo, passamos pela New York Public Library, a famosa biblioteca guardada por leões sentados na entrada e atrás dela no Bryant Park assistimos ao ar livre, o filme, “Cantando na Chuva”, um clássico da década de cinqüenta.

Mel não foi indiferente aos meus contatos tímidos quando pegava sua mão ou simplesmente tocava seu rosto, mas não me beijou novamente, eu não queria forçar a barra, nem parecer insistente demais.

Nossas noites foram tão agradáveis que mesmo não tendo um contato mais íntimo, parecia perfeito, estar com ela já me deixava feliz, o que acabava me preocupando, afinal em breve ela iria embora e aquilo tudo ficaria no passado.

Na sexta-feira decidimos fazer um passeio pela orla do Rio Hudson, que percorre o lado oeste de Manhattan.

Dean nos aguardou no carro uma vez que o local estava vazio, nossas excursões de madrugada por New York não nos oferecia problemas com os paparazzi, o que me
deixava ainda mais feliz e em paz comigo mesmo.

Sentamos em um dos bancos de frente para o rio, iluminado pela lua cheia no céu.

Naquela noite, quando uma brisa brincava com seus cabelos finos e macios não me contive e acabei abraçando-a forte como se aquela atitude resultasse em alguma mudança de sua parte com relação à sua partida ou pelo menos me fizesse memorizar pelo tato suas curvas, seu calor e seu perfume. Ela correspondeu ao abraço, mas logo se desvencilhou, minha única reação foi puxá-la para meu peito confortando-a, eu sabia que ela não queria ir embora, assim como eu.

Depois de vários minutos naquela posição ela suspirou alto indicando que estava na hora de ir. Então lentamente rocei meu rosto no dela ainda olhando a paisagem à nossa frente e então sua boca buscou a minha num movimento suave e delicado eu a puxei para mais perto e ao sentir seu gosto em minha língua foi como se tudo a minha volta desaparecesse, eu estava tão concentrado nela que não conseguiria ouvir e ver mais nada, éramos apenas nós dois ali com a lua como testemunha de algo puro e doce.

Senti meu rosto molhado e só quando abri os olhos vi que ela chorava silenciosamente.

-Você está chorando Mel, por quê? – perguntei baixinho.

-Desculpa Rob, mas... sabe aquele laço que falei que não poderia deixar pra trás? – assenti com a cabeça e ela continuou. - Ele está ficando mais forte e eu não sei o que fazer com o que estou sentindo. Não quero deixar você, mas não posso ficar, estou tão confusa... – ela fixou os olhos tristes e gentis nos meus.

-Ah! Mel, não fica assim, eu também não quero que você vá, mas nós podemos tentar, eu posso tentar ir ao Brasil pra te ver, só... me deixa compartilhar esse sentimento por você, eu sinto que preciso mostrar o quanto você tem sido importante pra minha sanidade, essa última semana foi tão diferente, há muito tempo não sinto essa paz e essa serenidade. Sei que agora quem está sendo egoísta sou eu, mas...

Ela me interrompeu com um beijo quente e suave, sensual e doce, as sensações eram tão contraditórias que chegavam a serem quase indescritíveis, suas mãos acariciavam meus cabelos me causando arrepios de prazer e felicidade por finalmente poder tocá-la e sentir sua boca macia na minha.

Levei-a para a casa da amiga um pouco mais tarde que o habitual, dessa vez nos despedimos com um beijo longo e suave.

Voltei para o hotel e como não estava com sono sentei-me ao piano de meia calda que
começou a sussurrar uma doce melodia.

Lovin' - Andru Donalds

Amar você

Toque, algo que você faz que me faz voar
Apenas me dê asas e eu voarei
Direto para o seu coração, e aí para sempre ficarei
Chorar muitas lágrimas não são suficiente
Para expressar-lhe quanto eu amo
Compartilhar de sua mente, e sua alma
Para sempre e num dia...
Você é meu desejo, você é minha dor
Você é meu fogo, você é perda
Transbordando tudo sobre mim
Tirando este mundo
Você é a beleza que resta

Refrão:
Te amar é tão fácil de fazer . Te amar é tão fácil de fazer
Te amar é tão fácil de fazer . Te amar é tão fácil

Beijo, parece que o céu está em minha porta
Apenas como um rio que transborda
Embora eu possa me afogar, eu não faço idéia
De como nadar em seu rio
Quando você era uma menina fraca, eu seria forte
Quando você estivesse certa, eu poderia estar errado
Você me tira o fôlego
E eu quero que você saiba disso com cada batida de meu coração

Refrão:
Te amar é tão fácil de fazer . Te amar é tão fácil de fazer
Te amar é tão fácil de fazer . Te amar é tão fácil

Seu sorriso mantém a luz brilhando no meu dia
Não importa quantas milhas afastado
Você é meu estimulante, meu ar de vida

Refrão:
Te amar é tão fácil de fazer . Te amar é tão fácil de fazer
Te amar é tão fácil de fazer . Te amar é tão fácil

No dia seguinte fui ao lugar de sempre e a procurei por horas, mas sem sucesso, caminhei por todos os lugares em que estivemos e nada, um aperto desconfortável no peito começou a me incomodar, mas não desisti, fui à casa de sua amiga Lisa, mas ela me informou que Mel não estava lá, tinha ido para outro lugar por ter sido procurada pelo padrasto, ela não tinha celular, eu não fazia idéia de onde procurá-la, então acabei voltando para o hotel e fui informado que uma garota havia me procurado, era ela com certeza, mas não esperou que eu chegasse, fui ao parque novamente, mas nada dela.

Depois de mais algumas horas voltei para o hotel, eu estava cansado e perdido, como isso foi acontecer? Eu a perdi logo agora que uma centelha de esperança brotou em meu coração. Passava de meia noite e minha preocupação com ela despejava perguntas sem respostas, onde estaria? Como ela estava? Será que estava segura?

Subi para o vigésimo segundo andar totalmente frustrado por não encontrá-la. Tomei um banho quente e vesti um roupão. Sentado na sacada de frente para o Central Park tentei imaginar como seria se aquele sentimento fosse correspondido por ela, se Mel aceitasse ficar comigo e desistisse de ir embora, até que ouvi o telefone do quarto tocar.

-Boa noite Sr. Pattinson, a senhorita que o procurou mais cedo está aqui.

-Ah, por favor, deixe-a subir. – falei aliviado e mais rápido do que eu gostaria, devo ter parecido ansioso, o que era verdade.

Abri a porta aguardando-a chegar. Ela estava com uma mala pequena na mão, seu rosto demonstrava melancolia e preocupação, os olhos vermelhos e tristes indicavam que havia chorado por horas.

Abracei-a forte puxando-a porta adentro.

-Você está bem Mel? – perguntei apertando seu rosto contra minhas mãos, ela apenas concordou com a cabeça.

-Ele me encontrou Rob. Só vim me despedir, volto amanhã para o Brasil. – ela despejou as palavras que arderam como fogo em minha mente ao constatar que nosso tempo havia acabado.

-Não, por favor, Mel não vá, eu... – tentei suplicar que ela não fosse, mas no fundo sabia que seria impossível fazê-la mudar de idéia.

-Eu tenho que ir, na verdade eu estava tentada a não te procurar, primeiro por que não quero trazer meus problemas pra você e segundo que odeio despedidas, mas... eu não poderia fazer isso, você não merece Rob. Você foi o cara mais legal que já conheci, mais simples, educado e bondoso.

-Ah! Mel, não sou tudo isso, sou egoísta isso sim, eu devia ter ficado longe, agora você está sofrendo por minha causa...

Ela tocou o indicador na minha boca me fazendo parar. –Você não é egoísta, eu nunca vou me arrepender dos nossos momentos juntos, e nunca vou me esquecer de você Rob.

-Eu também não Mel. – disse tocando seu rosto com a ponta dos dedos. – Você quer tomar um banho, comer alguma coisa e quem sabe descansar um pouco? Parece exausta Mel. – conjecturei.

-Um pouco. – falou baixinho.

-Venha! – chamei tirando a mala de suas mãos e a conduzindo até o quarto. – Fique à vontade, vou te esperar na sala.

Aproveitei para pedir o jantar, ela parecia muito cansada e aborrecida.

Alguns minutos depois a ouvi me chamar e fui verificar o que ela precisava. Estava sentada à cama com uma camiseta e calça Jeans como se estivesse pronta pra sair.

–Rob, eu preciso ir. –observei uma lágrima descer por seu rosto quase totalmente escondido pelos cabelos molhados, os olhos fixos nos pés descalços e as mãos fazendo movimentos nervosos demonstrando ansiedade e confusão.

-Não precisa ir agora Mel, passe a noite aqui, essa suíte tem um quarto adjacente, eu te levo ao aeroporto amanhã.

-Não posso fazer isso Rob, não sei se vou agüentar uma despedida.

Aproximei-me de vagar e me ajoelhei aos seus pés para falar-lhe olhando nos olhos.

-Então não se despeça, não vá embora Mel, por favor.

Ela buscou meu rosto me puxando para um beijo suave e terno, eu me inclinei sobre seu corpo fazendo-a se deitar, ela não resistiu aos movimentos e se entregou naturalmente. Ela queria aquilo tanto quanto eu, disso eu tive certeza, em nenhum momento ela hesitou, nos ajeitamos na cama sem desgrudar nossos lábios, então me posicionei em seu quadril e retirei sua blusa com cuidado, abrindo um botão de cada vez, eu não queria assustá-la, ela passou por momentos difíceis, imaginei que devia ser o mais cortês possível.

Sua pele era perfumada como flores do campo. Passeei meus lábios pelo pescoço e fui descendo bem devagar até os seios pequenos, durinhos e excitados. Retirei seu sutiã branco de renda e voltei minha boca para os mamilos sugando-os suavemente, ela gemia baixinho de olhos fechados absorvendo a sensação, suas mãos delicadas acariciavam minha nuca e minhas costas. Escorreguei meus lábios para o abdômen e passei as mãos pelo botão da calça Jeans com cuidado depois de lhe lançar um olhar pedindo permissão para aquela atitude, ela então me puxou até seu o rosto e sussurrou em meu ouvido.

-Essa é minha... primeira vez. – sua voz embargada e rouca me excitou ainda mais, mas eu não estava seguro de que devia continua.

Abri os olhos para tentar confirmar aquela informação e ela percebeu minha indecisão ao ouvir aquilo, me afastei um pouco, ela me segurou pelo rosto a centímetros do seu e me encarou intensamente.

-Você é o meu escolhido Rob, não tenha medo, quero que seja com você, por favor. – ela pediu.

Então eu a beijei delicadamente, já que ela queria, eu faria de tudo para o momento ser perfeito.

-Obrigado – eu disse ainda mais excitado.

(N/A: Início dos momentos mais calientes ou lemon como todos falam)

Refiz todo o trajeto novamente com a boca, retirei sua calça e depois mais lentamente ainda deslizei a calcinha por suas pernas. Subi meus lábios beijando e acariciando com a ponta dos dedos suas pernas perfeitas e bem desenhadas, depois as coxas, sua pele macia e morena faziam um contrate perfeito com a minha. Explorei sua pele com a língua até chegar ao seu sexo, então massageei a área com a língua, sentindo seu sabor e sua textura delicada, ela gemia mais alto demonstrando estar pronta pra mim, então retirei o roupão e como não estava com nada por baixo tive acesso fácil a sua entrada.

-Está pronta? Tem certeza disso? – perguntei baixinho, apenas para confirmar.

Ela soltou um sim decidido e num movimento lento penetrei-a fazendo uma pequena pressão, ela abafou um grito mordendo o lábio inferior por causa do rompimento do hímen. –Já vai passar. – sussurrei parando por alguns segundos ela sinalizou outro sim com a cabeça e fechou os olhos novamente.

Ela era tão apertada e me proporcionou ainda mais prazer, foi simplesmente extraordinário compartilhar aqueles momentos com ela.
Os primeiros movimentos foram mais lentos, mas intensos e no começo não dei a ela tudo que tinha, ela precisava se acostumar, alguns minutos depois ela pedia por mais com movimentos coordenados e carinhos mais ousados com as unhas nas minhas costas. Mel abraçou meus quadris com as pernas me dando a oportunidade de aprofundar ainda mais o contato de nossos corpos, ao final ambos arquejávamos com a respiração e a pulsação descompassadas.

(Fim da Lemon)

Deitei-me a seu lado e acariciei seu rosto distribuindo beijinhos por todo o rosto.

-Você é tão linda! – elogiei.

-Obrigada Rob, por fazer isso por mim.

-Quê? Acho que eu queria isso bem mais do que você sua bobinha.

-Eu sei disso, mas sei que você não teria aceito se eu não tivesse implorado.

-Bem, na verdade eu fiquei meio reticente mesmo, mas eu queria muito isso, você não
faz idéia do tanto que eu esperava por ter você aqui comigo. – falei aninhando-a em
meus braços.

-Eu queria muito também, principalmente por que eu não queria dividir esse momento tão especial da minha vida com outro além de você.

-Ainda bem. – Sorri apertando o abraço e beijando seu cabelo.

Tomamos um banho de ducha juntos e novamente fizemos amor. O Jantar chegou e depois de nos satisfazermos dormimos abraçados.

Fui acordado naquela manhã pelo sol que entrava insistentemente pela janela, eu a havia deixado aberta. Procurei pela cama por Mel, mas tudo que encontrei foi uma carta com o papel de rascunho do hotel. Sentei-me atordoado na cama para ler o que estava ali, aquilo não me soava bem, meu coração pausou e bombeou como louco o sangue por minhas veias.

Querido Robert,

Agradeço a Deus por ter te colocado em minha vida quando eu mais precisei.

Sinto muito não me despedir, não gosto disso, despedir-me de você me deixaria ainda mais triste, acho que é melhor assim.

Obrigada por dividir comigo os momentos mais lindos da minha vida, entreguei a você tudo que poderia, minha pureza, meu corpo, minha alma e principalmente meu amor.

Você sempre me perguntava o que eu sussurrava naquele primeiro dia em que nos encontramos e eu sempre mudava de assunto, mas preciso dizer agora, eu estava orando a Deus para que você não fosse ele, o meu padrasto, e que Ele me enviasse um anjo para me guardar naquela hora, você foi meu anjo Robert, meu protetor. Com você meu fardo ficou mais leve, meus dias se iluminaram, era como se a noite estivesse sempre iluminada pela lua cheia.

Eu não disse isso pessoalmente, pois pode parecer maluquice da minha cabeça, mas EU TE AMO, meu amor por você nunca deixará de existir, mesmo que eu e você sigamos em frente, você sempre estará guardado comigo, nossos momentos serão trancados em um lugar intocável em meu coração e em minha alma.

Sinto muito se minha decisão te fará sofrer mesmo que seja por apenas um segundo, eu não desejo isso pra você meu amor, quero que seja feliz, que encontre alguém que possa te amar pelo menos um milésimo do que eu amo.
Tenho plena consciência que nosso amor é impossível, somos diferentes demais, você tem uma carreira para cuidar, não pode se prender a um problema como eu.

Minha passagem já está comprada, passei toda à tarde de ontem resolvendo essa questão, tenho que ir, não posso ficar mais, eu gostaria de poder ficar, mas não posso, pelo menos não agora, talvez nos encontremos no futuro, mas quero que saiba que você sempre será uma parte de mim, onde quer que eu vá, você estará comigo.

Não se preocupe, apesar da dor que sinto por tomar a decisão mais difícil da minha vida, vou ficar bem e espero que você também fique, não queria machucá-lo, mas é melhor assim.

Sua Mel


Saltei da cama em apenas um movimento e liguei imediatamente para a recepção para saber a que horas ela saiu e me disseram que já havia passado mais de duas horas.

Goodbye My Lover - James Blunt

Eu te desapontei ou decepcionei?
Eu devia me sentir culpado ou deixar os juízes desaprovarem?
Porque eu vi o fim antes de começar,
sim, eu vi que você estava cega e eu sabia que tinha vencido
Então eu tomei o que é meu por eterno direito
Tomei sua alma durante a noite
Talvez isso tenha acabado, mas não vai parar aí
Eu estou aqui por você, se você se importasse

Você tocou meu coração, tocou minha alma.
Você mudou minha vida e meus objetivos
E o amor é cego e eu soube disso quando
Meu coração estava cego por você
Beijei seus lábios e segurei sua cabeça.
Partilhei seus sonhos e a sua cama.
Conheço-te bem, conheço o seu cheiro.
Eu estive viciado em você.

Refrão:
Adeus meu Amor.
Adeus minha amiga.
Você tem sido a única
Você tem sido a única para mim(bis)

Sou um sonhador, mas quando acordo,
Você não pode destruir meu espírito - são meus sonhos que você toma
E quando você seguir em frente, lembre-se de mim
Lembre-se de nós e tudo que costumávamos ser
já te vi chorar, já te vi sorrir
Observei-a dormindo por um instante
Eu seria o pai do seu filho
Eu passaria uma vida inteira com você
Eu conheço seus medos e você conhece os meus
Nós tivemos nossas dúvidas, agora nós estamos bem
E eu te amo, juro que é verdade
eu não posso viver sem você

Refrão

E ainda seguro sua mão na minha,
Quando estou dormindo
E eu irei agüentar minha alma no tempo,
Quando eu estiver ajoelhando aos seus pés

Estou tão vazio, querida, estou tão vazio
Estou tão, estou tão, estou tão vazio

Passei o dia procurando-a por todos os lados, mas não a encontrei, fui aos aeroportos e Dean me ajudou, mas não obtivemos sucesso.

Fiquei aos pedaços, sem rumo, ela tirou meu chão depois de me dar a vida, uma vida diferente da que eu estava acostumado, uma vida onde a simplicidade e a felicidade predominavam.

Era fácil amá-la, era natural amá-la, mas ela se foi me deixando vazio de novo como antes, porém mais intensamente, o vazio de antes era por estar sempre procurando por algo que eu não sabia o quê, e agora o vácuo em meu peito era o resultado de tê-la oferecido o que me movia, o que me tornava eu mesmo, eu a dei meu coração, que partiu junto com Mel naquela manhã.

Fim flashback

Maio de 2036 – 25 anos depois

Eu encarava a janela do carro mergulhado nas lembranças, tudo naquela cidade me lembrava Mel.

O tempo foi meu amigo, me ajudou a seguir em frente.

Alguns anos depois de perder meu único e grande amor encontrei Valerie, atriz assim como eu, com quem me casei, mas não tivemos filhos, ela tinha problemas para engravidar, essa era uma das razões para nossas constantes brigas.

Havíamos tentado todos os tipos de tratamento e nada, mas ela insistia como se sua vida dependesse daquilo, eu também queria muito ter um filho, eu colocaria meu nome nele, o levaria para passeios no parque, ensinaria tudo que aprendi com meu pai.

Não sei por que sempre o imaginava de cabelos negros escorridos, muito diferente de minha ex-mulher, que era loura, branca de olhos verdes.

Talvez meu subconsciente tenha guardado as fisionomias de Mel, minha grande paixão do passado, mas era tarde para nós, ela devia estar casada, devia inclusive ter filhos de outro homem, um sortudo, claro, por poder compartilhar com ela um futuro que infelizmente não era meu.

Não sei por que ainda tinha aqueles sentimentos tão acesos dentro de mim. Imagino nessas ocasiões, que seja por que depois de três anos separado de Valerie a idade me pedia aquela paz e serenidade que experimentei ao lado de Mel ou simplesmente por que ainda a amava com todas as forças de vinte e cinco anos atrás.

A entrevista transcorreu normalmente sem nenhum contratempo, passei em um restaurante para almoçar e depois segui para o hotel.
Hoje era meu último dia aqui, amanhã retornaria para Los Angeles onde tenho residência fixa.

Fiz algumas ligações para minha família em Londres e para o escritório em LA para saber como iam as coisas e no final da tarde resolvi dar uma última caminhada pelo Central Park, não sei se queria mesmo espairecer ou me agarrar à um resquício de esperança de encontrar Mel, nem que fosse por alguns segundos.

Joseph não me acompanhou desta vez, preferi ir andando, o hotel era o mesmo “The Ritz-Carlton New York”.

(N/A: Esse é um hotel de luxo que realmente existe e fica a um quilômetro do Central Park)

Sentei-me no mesmo banco de frente para o lago, passava das sete da noite e o movimento começava a diminuir.

Ainda não estava completamente escuro, no horizonte o céu alaranjado refletia sobre a água, dando um efeito encantador. Se não estivesse com a costumeira pressão no peito eu até admiraria um pouco mais aquela cena, mas meus olhos não viam nada além do rosto singelo e marcante de Mel, aqueles olhos expressivos e brilhantes. Aqui o turbilhão de lembranças invadia minha mente como um filme em cores nítidas apresentando todos os momentos que tivemos.

Enfiei a mão direita dentro do bolso da camisa social e retirei a carta de papel escuro e gasto pelo tempo, que Mel havia me deixado, era minha única lembrança concreta e paupável dela, a única coisa que me provava que tudo não passara de um sonho ou pesadelo, já que o sofrimento da perda me acompanhou por um longo tempo.
Li e reli a carta várias vezes, depois com um cuidado excessivo a dobrei e a guardei novamente.

Enterrei meu rosto entre as mãos tentando retirar aquelas imagens, mas era impossível, mesmo de olhos fechados os olhos negros marejados me encaravam sob a pálpebra, então me entreguei ao momento da despedida, eu não saberia quanto tempo demoraria para voltar e o lugar era uma espécie de alento para meu sofrimento, continuei com os olhos fechados lembrando dos passeios, das risadas gostosas e altas que dávamos, da conversa fácil e natural, do momento de entrega...

-Conheci um anjo nesse mesmo lugar há vinte e cinco anos. – interrompeu meus devaneios uma voz familiar.

Perguntei-me se meus olhos não estavam enganados quando vi o mesmo rosto, agora marcado pelo tempo com pequenos vincos em volta dos olhos negros e os cabelos pretos como carvão, acima dos ombros com um corte moderno ligeiramente desfiado nas pontas.

As linhas de expressão eram suaves e mesmo depois de todos aqueles anos pude reconhecê-la no primeiro segundo em que a vi. Seu sorriso continuava branco e deslumbrante assim como me lembrava.

Segundos se passaram e eu continuava sem fala duvidando da veracidade dos fatos, ela aqui ao meu lado depois de tudo que sofri por aquela mulher, ela me aparece com um sorriso desses como se encontrasse uma roupa que procurava, natural, como sempre.

-Posso me sentar? – perguntou quando percebeu minha confusão. Então com certo esforço consegui emitir instruções ao meu cérebro para me levantar e minha reação a fez sorrir quando a abracei forte.

-Mel... Você voltou. – falei beijando-lhe o rosto e segurando suas mãos, me afastei um pouco para vê-la. – Você continua linda!

Ela sorriu sem graça. – Bondade sua Rob.

-Nossa! há quanto tempo não me chamam assim. – refleti conduzindo-a até o banco.

-Ah, agora só te chamam de Sr. Pattinson... – conjecturou ela.

-Geralmente sim. E então, como você está? – perguntei.

-Estou bem, a passeio em New York e você deve estar trabalhando pra variar.

-Sim, você sempre adivinha.

-Você é tão previsível – ela sorriu.

-Veio com alguém?

-Sim, meu filho veio comigo.

-Ah... – murmurei decepcionado, na certa ela estava casada. –E seu esposo... veio também?

-Não tenho esposo Rob. – disse sorrindo sem jeito. -Na verdade sou uma mãe solteira, assim como minha mãe foi, é curioso como a história se repete não?

-Você está criando um filho sozinha Mel? Como assim? Ele pelo menos te ajuda de alguma forma? – perguntei indignado, como alguém tem um filho com aquela pessoa maravilhosa que é a Mel e não assume seus compromissos?

Ela ficou séria de repente e respondeu acentuando as riscas de preocupação entre os olhos.

-Ele não sabe do nosso filho e não o estou criando sozinha.

-Sinto muito que tenha sido assim, então você está com alguém que te ajuda a cuidar dele?

Ela sorriu largo.

–Na verdade ele já está bem grandinho para precisar de cuidados. Graças a Deus eu consegui criá-lo com ajuda da minha avó, que infelizmente já morreu, mas ela me deu todo o apoio quando precisei.

-Meus pêsames. – falei tristemente. – Sinto muito, você deve ter sofrido muito com a perda dela.

-É, foi difícil sim, mas meu filho me ajudou muito, ele é um homem maravilhoso, tive sorte de tê-lo naqueles momentos.

Estreitei meus olhos com aquela informação, homem? Das duas uma, ou ela me esqueceu tão rápido e logo encontrou alguém ou... ela criou um filho meu durante todos aqueles anos, mas isso não era possível, ela teria me dito não é? Teria me procurado para falar sobre ele. Estremeci com o pensamento.

-Quantos anos ele tem? – perguntei.

Ela suspirou fundo e retirou uma foto da bolsa e me entregou. – ele tem vinte e quatro anos Rob.

Melanie soltou a bomba sobre mim e simplesmente não consegui pensar em mais nada, minha mente era uma grande bolha vazia. Uma lágrima queimou meus olhos atormentados com o sofrimento de ter um filho que nunca tinha visto.

Ela tocou meu rosto secando as lágrimas.

–Desculpa despejar isso em você assim Rob, mas eu tenho tentado fazer contato há tanto tempo e nunca consigo.

“Sempre quis que o Robert tivesse um pai pra lhe mostrar o caminho certo, pra dividir as tristezas e alegrias, mas como não tive êxito em te contatar, acho que consegui fazer um bom papel”.

-Oh Mel, por que não me contou? Por que não voltou? Eu sofri todos esses anos com a nossa separação e você... – minha voz embargada com o choro não me deixava terminar a fala sem os soluços.

–Você criou nosso filho sozinha, mesmo com todos os problemas que você já enfrentava. Como pôde me negar o direito de ver meu filho crescer, como pôde fazer ir?

Ela soltou novamente um suspiro agora acompanhado de lágrimas.

-Eu tentei falar com você, liguei para o hotel quando descobri, três meses depois, mas não quiseram me passar seu telefone, eu não tinha seu numero, gastei o dinheiro que não tinha em ligações para a produtora daquela saga, enviei cartas e mais cartas para seus escritórios e nunca recebi uma linha de resposta, então acabei desistindo. – ela pausou por um segundo refletindo e adicionou. -Quer dizer, quase desisti, eu cheguei a vir a uma première aqui, mas você não veio, então alguns meses depois você anunciou que estava namorando e eu podia fazer o quê Robert? O que eu diria? Ei eu sou uma garota que ficou apenas uma noite com o grande astro de cinema Robert Pattinson e acabei me engravidando. - citou irônica. - Além de ninguém acreditar eu ainda corria o risco de prejudicar sua carreira Robert.

-Minha carreira não é nada perto de um filho, eu teria abandonado tudo pra ficar com você. Eu a procurei por todos os lugares nessa bendita cidade, mas você desapareceu sem deixar pistas. Por que você fez isso?

-Por que eu corria risco de morte e não queria te expor a esse mundo violento em que eu já estava habituada, apenas por isso, se você estivesse envolvido comigo provavelmente teria o mesmo fim trágico que minha mãe. – ela estremeceu com a última frase e novas lágrimas desceram por seu rosto.

“Naquela noite em que nos despedimos quando cheguei à casa de Lisa, Gerald estava lá e pude ouvi-lo ameaçar a todos, ele tinha um revólver nas mãos. Fiquei sabendo depois de alguns dias que ele assassinou minha mãe a sangue frio.” – ela encravou seu rosto nas mãos chorando compulsivamente.

“Eu não poderia imaginar um mundo sem você, não poderia carregar mais uma culpa nos ombros.”

-Mais uma culpa? Por que mais uma culpa? – inquiri.

Ela fixou seus olhos em meu rosto.

-Você não imagina o porquê dele ter matado minha mãe? – ela perguntou, mas não me
deixou responder e logo explicou. - Foi porque ela tinha me ajudado a fugir, mamãe percebeu que havia alguma coisa errada com ele quando acordou naquela noite e para se sentir menos culpada me ajudou com a compra das passagens, conseguiu com uma amiga que trabalhava na companhia aérea comprar passagens em cima da hora. Ele ficou maluco quando descobriu que eu tinha ido embora e acabou descontando nela.

Esqueci a mágoa de ter perdido todos os momentos marcantes de meu filho ao vê-la daquele jeito, ela sofreu tanto, sem ninguém para ampará-la, então a puxei para meus braços e a abracei forte tentando lhe oferecer um pouco de conforto. Minha raiva daquele homem era tanta que tinha vontade de fazer alguma besteira.

-Onde ele está? Esse homem tem que pagar pelo que fez com vocês Mel. – falei exaltado ainda abraçado a ela.

-Ele já pagou Rob, foi morto na prisão há alguns meses. Nunca mais retornei depois da tentativa frustrada da première e vim apenas pra isso naquela época, ele nem chegou a saber que estive aqui.

“Por isso voltei agora, eu tinha esperanças de te ver, soube pela imprensa que você estava trabalhando aqui.

Depositei um beijo suave em sua face macia e a segurei pelo rosto.

–Ah, minha Mel, sinto tanto por não estar ao seu lado quando mais precisou de mim. Desculpa se te julguei mal, eu sei que você não fez isso por querer, mas me diga uma coisa, o que nosso filho sabe sobre seu pai.

-Ele sabe tudo Robert, ele tem você como ídolo, todos esses anos ele foi o único que acreditou em mim quando disse que você era seu pai, apesar de que eu não falei para ninguém além da minha família, ou seja, minha avó, ela não acreditou em mim na época, só mesmo depois que ele nasceu ela suspeitou que eu dizia a verdade, por que ele se parece com você.

Só então percebi que estava com a foto dele na mão, ergui-a até a altura dos olhos e pude ver a semelhança, as únicas coisas diferentes eram a cor do cabelo e dos olhos que eram pretos e a pele pouco mais morena, mas o formato do rosto, o corpo era como uma cópia minha.

Sorri largo ao ver meu sonho se concretizar, eu tinha um filho, que agora era um homem. Eu precisava conhecê-lo, falar com ele.

-Onde ele está Mel? – perguntei.

-No carro, ele tem me trazido aqui todos os dias a essa hora para procurar você, mas até hoje não tinha conseguido obter sucesso. – ela paralisou, me olhou fixamente e deslizou as costas de sua mão por meu rosto da têmpora ao queixo.

–Sonhei tanto com esse momento.

-Eu também meu amor. – falei tocando meus lábios nos dela, afaguei suas feições para memorizá-la e a abracei forte novamente prendendo-a ali para nunca mais deixá-la sair.

-Quer conhecer o Dr. Robert? – ela perguntou ainda nos meus braços.

-Doutor?

-É, nosso filho fez medicina numa universidade federal no Brasil, ele é inteligente e culto como você amor e faz o maior sucesso com as mulheres, a quem será que ele puxou hein? – ela sorriu ao falar.

-Ele é médico? Nosso filho é médico? – nem acreditei quando ouvi aquilo, eu já o admirava só de saber disso. –Nosso filho é médico... – afirmei todo bobo e orgulhoso- Qual sua especialidade?

-Ah, está terminando a especialização em geriatria, ele optou por esse curso por causa de minha avô, ela sempre nos apoiou, ele a amava muito.

Sorri com lágrimas nos olhos de orgulho do homem que meu filho se tornou.

-Você conseguiu hein? – admirou-se alguém se aproximando de nós.

-Há! Robert, eu consegui, não disse que ele não tinha me esquecido? – disse Mel para a minha cópia, o abraçando. Pessoalmente ele era ainda mais parecido comigo, mesmo biotipo, mesmas expressões e a voz sussurada.

Ele me olhou com um sorriso nos lábios por cima dos ombros de sua mãe.

-Venha, quero te apresentar alguém muito especial. – falou Mel puxando-o pela mão.
Meus olhos ainda lacrimejavam mesmo com o sorriso largo que eu estampava. Eles se aproximaram e então ergui a mão para cumprimentá-lo, mas ele me puxou para um forte abraço, agora nós três chorávamos e sorriamos.

Ficamos mais de uma hora conversando no parque sobre todos os momentos que tínhamos perdido um do outro e então os levei até o hotel, em momento algum percebi frustração ou rancor da parte dos dois, assim como eu estavam felizes com nosso reencontro.

Eles estavam na casa de amigos, mas não permiti que se afastassem de mim, fomos ao mesmo bairro de anos atrás e pegamos suas malas.

Adiei minha viagem de volta para Los Angeles por uma semana para passar o máximo de tempo com eles.

Depois ele voltou ao Brasil, para organizar a mudança definitiva para Los Angeles.
Dois anos depois em Los Angeles…

Estamos em minha casa, passa da meia noite e Robert está de plantão no Califórnia Hospital Medical Center. Minha Mel havia trabalhado nesta sexta-feira até a poucas horas num recital Duo de violino e piano, sua décima apresentação num projeto de Concerto, do Teatro Ahmanson e preferiu ficar em casa descansando.

Melanie ouviu meus conselhos em nosso segundo encontro há vinte e sete anos atrás, ao chegar ao Brasil procurou a Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro para tentar uma vaga, foi assim que ela se profissionalizou e hoje é uma conceituada violinista.

Assisto televisão deitado em nossa cama com minha linda e agora esposa Melanie Pattinson. Sua respiração compassada demonstra um sono profundo em meu peito.

Os últimos dois anos foram os melhores da minha vida, eu nunca duvidei de que seria o homem mais feliz desse mundo ao lado dela, nem por um momento cogitei a idéia de deixá-la, quando precisou ir ao Rio para resolver problemas como venda da casa em que morava com nosso filho fui junto para ajudá-la, era o mínimo que poderia fazer depois de tantos anos de separação.

Aliso seu rosto sereno e distribuo selinhos pelas pálpebras, bochechas, nariz e por último a boca, ela acorda com meus carinhos e retribui com um beijo intenso e carícias provocantes, então fazemos amor mais uma vez. Eu não entendia o que se passava comigo, mesmo depois de todos esses anos, mesmo não sendo mais jovem, o contato com Mel me provocava reações totalmente diferentes, o calor de seu corpo queimava minha pele me deixando totalmente a sua mercê.

-Sabe que até hoje minha ficha ainda não caiu? – perguntou ela roçando a ponta dos dedos nos pêlos de meu peito.

-Por quê? Do que está falando amor?

-De nós dois aqui, juntos e casados, depois de tanto sofrimento a vida tem sido generosa comigo.

-Comigo também, sabe que às vezes fico pensando o porquê de termos passado por tudo aquilo para finalmente nos encontrar, acho que Deus fez tudo certo, bem tirando as coisas ruins que você passou é claro, pois eu nunca desejaria que você passasse por aquilo, preferia que tivesse sido comigo, mas... ele nos colocou juntos no momento em que mais precisávamos um do outro, no momento em que teríamos certeza de nunca mais nos separaríamos. – Falei afagando seus braços nus.

-É a Força do Destino meu amor. – sussurrou ela.

Lady Kenny Rogers

Lady! I'm your knight in shining armor and I love you!
Senhora! Eu sou seu cavaleiro em uma amadura brilhante e eu te amo!
You have made me what I am and I am yours.
Você fêz-me o que eu sou e eu sou seu.

My love! There's so many ways I want to say, "I love you."
Meu amor! Há muitas maneiras que eu quero dizer, "eu te amo."
Let me hold you in my arms forever more.
Deixe-me prendê-la para sempre em meus braços.

You have gone and made me such a fool.
Você se foi e me fez de tolo
I ‘m so lost in your love.
Eu me perdi em seu amor.
And oh, we belong together.
E oh, nós nos pertencemos.

Won't you believe in my song?
Você não acreditará em minha canção?
Lady! For so many years, I thought I'd never find you.
Senhora! Por muitos anos, eu pensei que eu nunca a encontraria.

You have come into my life and made me whole.
Você veio em minha vida e fêz-me inteiro.
Forever let me wake to see you each and every morning
Para sempre deixe-me acordar para vê-la a cada e toda manhã
Let me hear you whisper softly in my ear.
Deixa-me ouvir você sussurrar delicadamente em minha orelha.

In my eyes, I see no one else but you.
Em meus olhos, eu não vejo mais ninguém mais somente você
There's no other love like our love
Não há nenhum outro amor como nosso amor
And yes, oh yes I'll always want you near me.
E sim, oh sim eu vou querer-te sempre perto de mim.

I've waited for you for so long.
Eu a esperei por muito tempo.
Lady! Your love's the only love I need.
Senhora! Seu amor é o único amor que eu necessito.
Beside me is where I want you to be.
Ao meu lado é onde eu quero que você esteja.
Cause my love there's something I want you to know.
Porque meu amor há algo que eu quero que você saiba.
You're the love of my life. You're my lady!
Você é o amor da minha vida. Você é minha senhora!


~***~

FIM